quinta-feira, 17 de março de 2016

Negros, Africa, poder



Oprah, Michael Jordan: Negros são menos de 1% dos bilionários no mundo

Publicado há 1 dia - em 16 de março de 2016 » Atualizado às 9:36
Categoria » Variedades - primeira parte







Apenas 12 dos 1.810 bilionários listados pela revista “Forbes” em 2016 são negros. O número representa 0,66% do total de pessoas com patrimônio igual ou maior do que US$ 1 bilhão.

Do UOL
O negro mais rico do mundo é o empresário nigeriano Aliko Dangote. Ele é também o homem mais rico do continente africano pelo oitavo ano seguido, segundo a “Forbes”. Tem negócios de cimento e alimentação.

Entre os famosos, está o ex-astro do basquete norte-americano Michael Jordan.

Na lista de 12 bilionários negros, há somente três mulheres: a apresentadora de TV norte-americana Oprah Winfrey, a investidora angolana Isabel dos Santos e a nigeriana Folorunsho Alakija.

Nigerianos e norte-americanos são maioria entre os bilionários negros, mas há representantes também da África do Sul, Angola, Arábia Saudita e Sudão.

Veja quem são os 12 negros mais ricos do mundo:
Aliko Dangote

 Denis Balibouse/Reuters

O nigeriano Aliko Dangote, 58, é dono do conglomerado que leva seu sobrenome. O bilionário é o fundador e possui 90% da maior produtora de cimento do continente africano, além de deter negócios nas áreas de açúcar, farinha e sal. A fortuna de Dangote é estimada em US$ 15,4 bilhões.

Mike Adenuga
 Facebook/Divulgação

O segundo negro mais rico do mundo também nasceu na Nigéria. Mike Adenuga, 62, construiu a própria fortuna com negócios nas áreas de telecomunicações e petróleo. Ele é dono da Globalcom, segunda maior operadora de celulares de seu país, e da petroleira Conoil Producing. Seu patrimônio é avaliado em US$ 10 bilhões.

Mohammed Al Amoudi
 Divulgação

O saudita Mohammed Al Amoudi (à dir. na foto), 69, começou a própria fortuna no setor de construção, depois expandiu os negócios para outras áreas, como agricultura e energia. Uma de suas empresas mais valiosas é a refinaria de petróleo Preem, que possui campos no oeste da África e minas de ouro na Etiópia. A “Forbes” estima seu patrimônio em US$ 8,3 bilhões.

Isabel dos Santos
 Divulgação

Com fortuna avaliada em US$ 3 bilhões, a investidora angolana Isabel dos Santos, 42, é uma das mulheres negras mais ricas do mundo. Filha do presidente de Angola, Jose Eduardo dos Santos, a empresária comanda a principal operadora de celulares do país, a Unitel, e detém participação no banco BIC e na empresa de mídia NOS, ambas de Portugal.

Oprah Winfrey
 Getty Images
Empatada com a investidora angolana aparece a apresentadora de TV norte-americana Oprah Winfrey, 62, com patrimônio também avaliado em US$ 3 bilhões. Além da carreira na televisão, Oprah é dona do canal de TV a cabo OWN (Oprah Winfrey Networks) e detém 10% de participação na empresa de dietas Vigilantes do Peso.


sexta-feira, 11 de março de 2016

Riqueza que não se espalha



Índia: queda do preço do petróleo beneficia governo, mas não chega à população
Luis A. Gómez | Calcutá - 06/03/2016 - 07h00
Baixa internacional permitirá que país economize 470 milhões de dólares este ano; população fica apenas com um quarto dos benefícios, diz economista






Suresh trabalha todas as tardes como taxista. Conduz um carro novo, branco, que seu patrão comprou com um empréstimo bancário com juros fixos. Entre as 10 e 12 horas de turno diárias, o taxista tem, sem falta, que encher o tanque de gasolina pelo menos uma vez por dia. “Mas essa questão do petróleo internacional não se vê nos postos de gasolina”, diz, sorrindo. E, ainda que alguns tipos de combustível tenham baixado alguns centavos em 2015, este jovem de 26 anos não disfruta da aparente bonança que o preço do petróleo internacional traz para a Índia. Ele pode viver com o que ganha? “Sim. Os preços da comida e outras coisas não subiram muito nesses tempos...”

Entre outras coisas, explica Xavier Dias, jornalista econômico editor do boletim Minas, Minérios e Direitos, o ganho com a baixa do preço internacional do petróleo não está chegando às pessoas do país, que “não estão percebendo mudança alguma em sua vida doméstica. É pior ainda, porque a Índia continua sem produzir nada, apenas minérios e outras matérias-primas, e a economia rural se debilita a cada ano.”

Wikicommons
 Plataforma de extração de petróleo na região de Mumbai High no Mar da Arábia

“Os preços não baixaram”, pelo menos em Calcutá, diz Subrata Bose, um carpinteiro de 38 anos, funcionário de uma empresa que vende móveis pela internet. Bose percorre a cidade todos os dias em uma moto da companhia, visitando casas para montar móveis ou repará-los. “Não soube que os preços baixaram”, comenta, depois, pensativo. Pelo menos, lembra ele, nos últimos três ou quatro meses tudo se manteve mais ou menos igual.

Mas o combustível baixou. Talvez o que acontece é que pouco é percebido. O governo de Narendra Modi baixou o preço da gasolina regular e do diesel em cinco ocasiões desde novembro do ano passado. A última vez foi no dia 1 de fevereiro, quando a gasolina baixou 4 centavos e o diesel, 3. No total, as baixas de preço somam 6,97 rúpias [cerca de R$ 0,40] para o diesel e 4,02 [R$ 0,23] para a gasolina. Atualmente, um litro de gasolina custa 59,95 rúpias [R$ 3,40]. Com o dólar a 68 rúpias [R$ 3,80], o desconto é mínimo, equivalente apenas ao custo de uma viagem curta de ônibus.

Respiramos mal, mas economizamos mais
Em geral, quando o combustível sobe, todos os preços dos produtos do mercado local começam a subir, comenta Suresh Deb. O motorista pertence à nova onda de taxistas nas cidades da Índia, envolvidos com alguma das companhias que operam digitalmente, e que conduzem um pequeno sedan branco de fabricação local. “Ganho pouco, mas não estou desesperado”, explica, “pouco a pouco meu patrão paga o empréstimo (de quase 8 mil dólares) e as pessoas usam cada dia mais o serviço: temos preços melhores que os táxis tradicionais, e nossas unidades são melhores”. O taxista se mostra confiante, apesar de não perceber uma melhora substancial em suas finanças.

O governo reconhece que a queda dos preços internacionais permitirá (com a redução de alguns centavos) que a Índia economize cerca de 470 milhões de dólares no ano fiscal atual. Com um modelo energético baseado no carvão e sendo um país importador de hidrocarbonetos, a economia parece ser significativa.

Wikicommons
Porto de Chennai, em Tamil Nadu, uma das maiores cidades da Índia

E o consumo continua crescendo: em 2015, a Índia se transformou no terceiro país em consumo de petróleo e seus derivados no planeta, atrás da China e dos Estados Unidos. De acordo com o colunista da Forbes Jude Clemente, o consumo de combustível cresceu cerca de 20%, sobretudo porque os preços dos carros caíram (20%) e metade deles funciona a diesel.

A este boom automotriz, que Clemente relaciona ao crescimento da classe média na Índia e à produção energética “suja” (entre combustível e carvão), há também um “dano colateral”: entre as 20 cidades mais poluídas do mundo, 14 são metrópoles indianas, como Nova Déli (número 1), Calcutá, Mumbai e Patna. A qualidade do ar – em um país praticamente sem mecanismos de controle e medição de contaminantes – é pior do que na China.


E a economia é somente fiscal. Segundo o economista Paranjoy Guha Thakurta, especialista em hidrocarbonetos e editor do semanário Economical & Political Weekly, as reduções nos preços têm a finalidade de recolher mais impostos indiretos. “O governo indiano transferiu ao consumidor apenas uma quarta parte dos benefícios da queda dos preços", diz Thakurta.

O trem da vida
É nas ferrovias indianas onde talvez se nota melhor essa falsa estabilidade. Com o maior sistema público de transporte terrestre desse tipo, a Índia conta com quase 65 mil quilômetros de ferrovias e transporta anualmente 9 bilhões de passageiros por todo o território. Os preços, que variam entre US$ 0,20 e US$ 80, mudaram pouco. Mas desde que Narendra Modi chegou ao poder em 2014 o Estado economizou 1 bilhão de dólares na compra de diesel para as locomotivas.

No orçamento para as ferrovias nesse ano fiscal, apresentado há alguns dias no Parlamento, não há mudanças substanciais nas políticas de preços nem melhorias na infraestrutura. Mais além, como explica a pesquisa econômica realizada anualmente para a elaboração do orçamento geral, o Produto Interno Bruto não crescerá nem sofrerá alterações notáveis.

Wikicommons
Milhões de pessoas, a maioria composta por migrantes da zona rural moram em condições paupérrimas, como em barracas

Tudo indicaria que a economia se estabiliza e que o crescimento acelerado (7,5%) desse país apenas será freado. No entanto, as estatísticas também mostram que “960 milhões de pessoas (68% da população da Índia) vivem com menos de 2 dólares por dia, 700 milhões de pessoas não têm acesso a sistemas energéticos modernos baseados no petróleo e 310 milhões nem sequer contam com eletricidade”, afirma Paranjoy Guha.

Algumas razões e nenhuma perspectiva
“É claro que a imagem internacional parece mostrar um país estável”, explica Xavier Dias. Em parte, aprofunda, porque quase ninguém sabe que, por exemplo, depois de o embargo contra o Irã ser revogado, a Índia comprou um imenso carregamento de petróleo em um negócio fantástico. “Nem as pessoas sabem que temos um grande tratado com o Qatar, de onde vem a maior quantidade de gás que consumimos: é um pagamento posterior que, além disso, é feito em rúpias, sem levar em conta o valor da nossa moeda.”

De fato, aponta Dias, “é essa economia imensa que permite que Modi governe. Quando os preços voltarem a subir, esse governo cai”. De acordo com uma análise recente de Guha, a Índia seria o país com menor desenvolvimento econômico entre os maiores consumidores de petróleo. “Os indianos consomem 41,5 litros de hidrocarbonetos por dia e vivem até os 66 anos, enquanto os norte-americanos consomem 9,8 litros e chegam até os 80 anos de idade", explica.

“Não sei”, reflete Suresh enquanto conduz seu táxi. “Se os preços subirem poderia ser difícil. Talvez não haja clientes ou meu patrão não possa pagar o banco”, e, nesse momento, pergunta já em outro tom de voz: “isso pode acontecer?”

quinta-feira, 3 de março de 2016

Arte e ação



A melhor atriz coadjuvante do Spirit Awards 2016 é Mya Taylor, transgênera e tem um recado importante

Categoria » LGBTI

 
A atriz transgênera Mya Taylor, 24 anos, fez história ao vencer o Independent Spirit Awards na categoria Melhor Atriz Coadjuvante, pelo filme Tangerine.

O Independent Spirit premia filmes independentes e de baixo orçamento, e aponta tendências para o Oscar. Nenhum outro ator ou atriz trans havia ganho um prestigiado prêmio de cinema antes.

Ela disputava o prêmio com Robin Bartlett (H), Marin Ireland (Glass Chin), Jennifer Jason Leigh (Anomalisa) e Cynthia Nixon (James White).

A cerimônia foi marcada pelo reconhecimento de minorias. Além de Taylor, uma transgênera, dois atores negros venceram nas categorias de atuação (melhor ator e coadjuvante). Spotlight, um filme que ataca a pedofilia na Igreja Católica, venceu em todas as categorias a que foi indicado.

De acordo com o site Deadline, o prêmio marca uma superação pessoal e profissional para Taylor, que concorreu a 186 vagas de trabalho e fez 26 entrevistas em dois anos, em Los Angeles. O nome e o gênero eram sempre um problema, já que ela não conseguia alterá-los na ficha cadastral.

“Quando apareceu a oportunidade de trabalhar em Tangerine, senti que foi um presente de Deus, fazendo valer a pena toda a luta de antes”, comentou Taylor durante uma coletiva nos bastidores.

Questionada sobre a maior abertura que a sociedade e a mídia têm dado aos transgêneros, ela respondeu que houve uma mudança. “Mais pessoas estão abrindo a cabeça quanto a diferentes gêneros e raças. Anos atrás, evitávamos falar disso… era uma época de sexismo.”

Ao receber o prêmio, ela destacou que “há talentos transgêneros”, e se dirigiu ao público, que incluía vários produtores: “É melhor você incluir um desses talentos no seu próximo filme”.

Tangerine foi totalmente gravado com iPhones e não há previsão de estreia no Brasil.