Tragédia
na Arábia Saudita: o que se sabe até agora
Mais de 700 peregrinos morreram, a maioria
pisoteados, e pelo menos 860 ficaram feridos após um tumulto ocorrido na última
quinta-feira durante o Hajj, como é chamada a peregrinação anual à cidade
sagrada de Meca, na Arábia Saudita.
Autoridades sauditas deram início a uma
investigação sobre o que motivou a tragédia, mas ainda há muitas questões a
serem respondidas.
Confira o que se sabe até agora.
Quando e
onde a tragédia aconteceu?
As autoridades de defesa civil da Arábia Saudita
dizem que o tumulto aconteceu por volta das 9h locais (3h de Brasília) na
quinta-feira no cruzamento das ruas 204 e 233 da cidade de Mina, um grande vale
localizado a cinco quilômetros ao leste de Meca.
Os peregrinos estavam caminhando de uma área
coberta em direção a uma grande estrutura com vista para os pilares de Jamarat,
onde o ritual de apedrejamento do diabo é conduzido.
O que causou
a tragédia?
Segundo um porta-voz do Ministério do Interior
saudita, o major-general Mansour al-Turki, investigações iniciais apontam que
duas multidões vindas de direções contrárias se chocaram no cruzamento das ruas
204 e 223. Como resultado, houve empurra-empurra e pânico.
O que não está claro é como tudo aconteceu.
Testemunhas afirmam que uma rua próxima havia sido fechada, forçando aqueles
que se dirigiam ao local do ritual a usar a mesma rota que aqueles que deixavam
o espaço.
Por sua vez, o ministro da Saúde saudita, Khaled
al-Falih, optou por culpar os peregrinos, sugerindo que alguns deles teriam
"caminhado sem seguir as instruções indicadas pelas autoridades competentes".
O Irã, no entanto, instou o governo saudita a assumir a responsabilidade pelo
incidente.
Testemunhas dizem que fazia muito calor no momento
da tragédia, o que teria contribuído para disseminar o pânico.
A rua onde o tumulto aconteceu tem 12 metros de
largura e é ladeada por grandes portões, por trás dos quais ficam as tendas
montadas para acomodar os peregrinos.
De onde eram
as vítimas?
As vítimas são de diferentes nacionalidades.
Segundo autoridades sauditas, a maior parte dos mortos é de origem iraniana
(131). Mas há também indianos (14), paquistaneses (6), turcos (4), indonésios
(3), quenianos (3) e egípcios (8).
Entre os mortos, há também cidadãos do Níger,
Chade, Argélia e Marrocos, mas os números ainda não foram confirmados. O
governo do Afeganistão afirmou que pelo menos oito peregrinos do país estão
desaparecidos.
Quais
medidas de segurança foram tomadas?
Nos últimos anos, as autoridades sauditas alegam
ter gastado bilhões de dólares para melhorar o transporte e outros tipos de
infraestrutura, na intenção de evitar tragédias como a que ocorreu na última
quinta-feira.
A tragédia
poderia ter sido evitada?
O tumulto aconteceu do lado de fora do complexo de
cinco andares Jamarat Bridge, concluído em 2007. A estrutura teve um custo
exorbitante, para, segundo alega o governo saudita, aumentar a segurança dos
peregrinos.
Cerca de 5 mil câmeras de segurança monitoram a
área que engloba Meca e Medina. Além disso, 100 mil agentes de segurança foram
deslocados para o evento deste ano.
Frente ao número crescente peregrinos que
participam do Hajj, o governo também vem atuando, nos últimos quatro anos, na
ampliação da Grande Mesquita.
No entanto, no início deste mês, um guindaste caiu
sobre o local durante uma tempestade, deixando mais de 100 mortos.