Mercado da beleza
acompanha empoderamento da mulher negra no Brasil
Date: 20/09/2016
in: Mulher Negra
Indústria ainda é nicho, mas consumidoras têm mais produtos
à disposição no mercado.
Por Amanda Veloso, do Brazil Beauty News
As
indústrias da beleza e da moda definiram padrões estéticos continuamente
perseguidos por consumidoras em todo o mundo. Mas em um país miscigenado como o
Brasil, referências associadas a características europeias e norte-americanas
raramente representam a realidade.
Mais
da metade (53,6%) da população brasileira é formada por negros e pardos,
segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). No entanto, a
representatividade negra na mídia e nos ideais de beleza ainda é bastante
restrita. Além disso, o mercado brasileiro de cosméticos é limitado quanto à
oferta de produtos que atendem às características específicas da pele negra e
dos cabelos cacheados. Resultado: o mercado formado por 104 milhões de
brasileiros negros ainda é encarado como um nicho.
Nos
últimos anos, porém, as brasileiras têm se identificado cada vez mais com sua
própria beleza, valorizando o visual natural dos fios naturais e realçando seu
tom de pele com maquiagens desenvolvidas especialmente para esse mercado. A
exaltação à beleza negra ganha força em episódios como a vitória de Sabrina de
Paiva no concurso Miss São Paulo 2016. Em agosto, a edição americana da revista
Vogue se referiu a Taís Araújo como “a estrela de TV mais estilosa do Brasil”,
em uma matéria que não apenas celebra a beleza e os looks da atriz, mas seu
engajamento na luta contra o preconceito e o racismo.
A
valorização dos cabelos cacheados e a busca por tratamentos que mantenham os
fios saudáveis são um novo mercado que ganha força no Brasil, destaca o
vice-presidente do Sistema Embelleze, Jomar Beltrame. Em 2014, a marca criou
uma linha específica para o cuidado com os cachos, que foi ampliada e hoje
conta com 60 produtos diferentes, entre shampoos, condicionadores, cremes e
finalizadores.
“Há
cerca de três anos, identificamos um movimento de valorização dos fios naturais
e vimos que o empoderamento das mulheres de cabelos cacheados vinha ganhando
espaço no Brasil. Percebemos que era hora de investir em um novo mercado e
criamos nossa primeira linha segmentada: a família Meus Cachos”, explica
Beltrame. A linha Rituais Meus Cachos, um dos lançamentos deste ano, é composta
por produtos formulados com óleos vegetais e ingredientes que proporcionam
texturização, hidratação e combatem o frizz.
O
executivo acredita que tendência veio para ficar. “Estamos fazendo pesquisas e
testes ininterruptamente, para não só acompanhar essa demanda, como sair na
frente com produtos inovadores”, acrescenta.
A
oferta de artigos de beleza voltados à população negra é recente no Brasil e
foi só a partir dos anos 1990 que o acesso se tornou possível pela indústria
local, como aponta a linguista Amanda Braga, autora do livro ‘História da
Beleza Negra no Brasil’. No mercado de maquiagem, esse movimento é ainda mais
sutil, com uma oferta de produtos ainda tímida e pouco divulgada. A Quem Disse,
Berenice? estampa belezas negras em algumas campanhas e aposta na diversidade
de cores para atender às várias tonalidades de pele encontradas no país. São
mais de 100 cores de batom, 70 de sombra e 50 de esmalte. Segundo a marca,
bases, corretivos e pós faciais são alguns dos produtos específicos para esse
mercado.
“Fomos
estudar a fundo os tons de pele das brasileiras e construímos uma régua de 18 tons
para que cada mulher possa encontrar a base que mais combina em sua pele. Ela é
fruto de um estudo realizado com cerca de 250 brasileiras, que levou em conta
mulheres de 50 ascendências diferentes e 48 tonalidades de pele”, explica
Marcella Nogueira, gerente de maquiagem e perfumaria da Quem Disse, Berenice?.
A
Phebo, pertencente à Granado e conhecida por seus sabonetes, também possui
corretivos, blushes e bases para a pele negra em sua linha de maquiagem,
lançada em 2012. Os produtos são livres de óleos e parabenos, desenvolvidos
para atender à oleosidade natural da pele negra. - Leia a matéria completa em:
http://scl.io/0aLXaGWu#gs.EjGVV4Y - retirado do www.geledes.org.br
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