Brasil
poderá rever voto sobre patrimônios culturais na Palestina ocupada
- 09/06/2016 18h12
- Brasília
Mariana
Tokarnia - Repórter da Agência Brasil
O governo brasileiro poderá rever
o voto na 199ª Sessão do Conselho Executivo da Organização das Nações Unidas
para Educação, Ciência e Cultura (Unesco) em decisão sobre o patrimônio
cultural nos territórios ocupados.
Em nota divulgada hoje (9) pelo
Ministério das Relações Exteriores, o governo informou que a decisão não faz
referência expressa aos vínculos históricos do povo judeu com Jerusalém,
particularmente o Muro Ocidental, santuário mais sagrado do judaísmo, o que é
considerado "um erro, que torna o texto parcial e desequilibrado".
A 199ª Sessão do Conselho
Executivo adotou, por 33 votos a favor, seis contra, 17 abstenções e duas
ausências, decisão sobre o patrimônio cultural nos territórios ocupados. O
Brasil votou favoravelmente à decisão. O trecho mencionado pelo Itamaraty diz
respeito, entre outras questões, a locais considerados patrimônio cultural em
Jerusalém e que são alvo de disputa com a Palestina. Tratam-se dos itens 19 e
20 do documento com as decisões do Conselho disponível
na internet.
Restaurações
O documento revela que os países
que participam do Conselho Executivo da Unesco lamentam profundamente a recusa
de Israel em implementar decisões anteriores da organização. Há abuso de poder
por parte do país, incluindo agressões à liberdade de muçulmanos de acesso à
mesquita Al-Aqsa, localizada em território sob comando israelense, além da
agressões a civis, sheiks e padres.
Entre outras questões
relacionadas aos edifícios e seus arredores, o documento manifesta
"profunda preocupação" com o fechamento e não renovação das obras do
Portão Al-Rahma. Também pede a Israel que reabra o local e pare de obstruir as
obras e restaurações necessárias para reparar danos causados pelo clima e
vazamento de água nas salas do edifício.
Os países reiteram agradecimento
à Jordânia pela cooperação e instam Israel a cooperar com o país, respeitando
disposições para proteção dos bens culturais em caso de conflito armado, além
de facilitar o acesso de especialistas da Jordânia ao Portão Mughrabi.
Livre acesso
"O governo brasileiro
revisará seu voto caso as deficiências apontadas na referida decisão não sejam
sanadas em futuro exame do tema pela Unesco", acrescentou a nota. O Brasil
reitera o posicinamento a favor do livre acesso dos fiés do cristianismo,
islamismo e judaísmo aos lugares santos da Cidade Velha de Jerusalém, bem como
seu apoio aos acordos vigentes entre Israel e Jordânia para sua administração.
O Brasil votou a favor da decisão
junto a países integrantes dos BRICs como a China, Índia e África do Sul, além
de países como Argentina, México e Espanha. Entre os países contrários
estão Estados Unidos e Alemanha.
Edição: Armando
Cardoso
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