Fome ameaça Moçambique
depois de ciclone destruir plantações
Por
Stephen Eisenhammer 01/04/2019
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Reuters/MIKE HUTCHINGS Mulheres passam por plantação destruída por ciclone em
Beira, Moçambique
Fulai Joaquim tem alimento
suficiente para alimentar seus 10 filhos por mais uma semana, talvez duas.
Depois, disse, está nas mãos de Deus.Um ciclone devastou sua plantação de mandioca e deixou as raízes
apodrecendo no campo, e as enchentes que se seguiram varreram seu milho.
"Muitas lágrimas", disse Joaquim, de 45 anos,
caminhando pelos pequenos lotes de terra que abrigam as casas de barro e
estacas de Nhampuepua, também destruídas pela tempestade. "Todos estão
famintos".
Centenas de comunidades rurais mergulharam em uma crise
alimentar depois que o ciclone Idai arrasou o centro de Moçambique em 14 de
março, disseram agentes humanitários.
O governo estima que mais de 700 mil
hectares de terras de cultivo foram inundados, deixando agricultores sem nada
para colher.Mais de 750 pessoas foram mortas pela tempestade e por chuvas
intensas que atingiram o sul africano pouco antes do ciclone.
Duas semanas depois, à medida que as operações de busca e
resgate diminuem, o foco se transfere para o sustento dos sobreviventes.As importações de milho de Moçambique podem ser o dobro das 100
mil toneladas de costume neste ano, disse Wandile Sihlobo, economista da
associação sul-africana de agronegócio Agbiz. Ainda não se sabe como isso pode
impactar os preços.
"No quesito segurança alimentar, foi devastador",
disse Lola Castro, diretora do Programa Mundial de Alimentos (PMA) para o sul
da África, à Reuters no aeroporto da cidade portuária de Beira, atingida pelo
ciclone.
"Temos que acelerar o atendimento rápido".O PMA já levou comida a cerca de 200 mil moçambicanos e pretende
socorrer um milhão na próxima quinzena, disse Lola.Mas isso não basta. Os agricultores também precisam de sementes
para replantar o mais rápido possível."Isso é para ontem", acrescentou Lola
.A tempestade não poderia ter vindo em um momento pior: pouco
antes da principal colheita de milho, a mais importante da região.Em incontáveis vilarejos, a Reuters viu famílias tentando
desesperadamente secar espigas de milho ainda verdes retiradas das águas das
enchentes, mas os moradores disseram que comê-las os está adoecendo.
(Reportagem adicional de Tanisha Heiberg em Johanesburgo)
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