sábado, 30 de julho de 2016

Lamentamos, mas o Brasil é um perigo



Estudante cabo-verdiana é assassinada no Brasil
29 Julho, 2016
Namorado, de nacionalidade brasileira, poderá ser o autor do assassinato da jovem Vânia Fernandes, natural do concelho de São Domingos, interior da ilha de Santiago.




Uma estudante cabo-verdiana, Vânia Fernandes, de 21 anos, foi morta a tiro na tarde de ontem quinta-feira, em Fortaleza, Brasil, onde residia. As informações acerca desta morte, para já, são escassas, mas amigos e fontes próximas dos familiares da vítima dizem que a jovem terá sido assassinada pelo namorado, um policial brasileiro de 32 anos.

Em declarações a este jornal, amigas de Vânia Fernandes afirmam que a vítima tinha constantemente brigas com o namorado por causa das “crises de ciúme” dele. Desentendimentos estes que terão atingido o extremo quando, na tarde de ontem, a jovem cabo-verdiana foi baleada na cabeça.

“Ultimamente ela estava um pouco ausente. Removeu todas as suas publicações no Facebook, bem como a amizade com a maioria dos cabo-verdianos”, conta uma amiga de Vânia, que pede anonimato. A mesma interlocutora afirma que, logo que soube do acontecimento, suspeitou do namorado.

Este jornal entrou em contato com a Embaixada de Cabo Verde, em Brasília, que confirmou a morte de Vânia Fernandes, assim como o facto de que as suspeitas recaem sob o namorado.

Entretanto, sabemos que aquela representação diplomática está em contactos com a Polícia de Fortaleza, para apurar mais detalhes.

Vânia Fernandes, 21 anos, estava há dois anos em Fortaleza, onde estudava de dia e à noite trabalhava num posto de gasolina.

Tida como “uma menina exemplar” pelos amigos, era natural de Gudim, concelho de São Domingos.

Este jornal sabe que os familiares querem trazer o corpo da malograda para Cabo Verde, para que o último adeus seja dado na terra que a viu nascer.

segunda-feira, 18 de julho de 2016

A mãe Rússia



Entrevista exclusiva com Pierre Cardin: 'amo e respeito a Rússia profundamente'
A casa de moda francesa Pierre Cardin planeja começar a fabricação de roupas na Rússia. A empresa está em fase de negociação com as fábricas russas.








As lojas Pierre Cardin na Rússia atualmente vendem itens de fabricantes licenciados da Itália, Alemanha e EUA. A intenção de Cardin é licenciar fábricas russas para produzir suas roupas localmente.

A agência Sputnik conversou com o ícone mundial do design de moda, Pier Cardin, que em entrevista exclusiva revelou os motivos para a localização de sua produção na Rússia. Cardin explicou que os seus laços com o país vão muito além da moda.

Sputnik: Por que você decidiu investir em indústria de moda na Rússia? 
Pierre Cardin: Considerando que a Rússia é o maior país no mundo, isso é normal. Além disso, como sou muito famoso lá, eu pensei que, do ponto de vista comercial, se eu abrir produção no país, isso me permitirá criar laços importantes. Esse foi o motivo.

S: Você trabalhou com a Rússia durante 40 anos. O que a Rússia inspira em você?
PC: Respeito. Eu respeito muito o seu país. É um país que possui um grande valor no plano cultural, musical. E, ao mesmo tempo, é um país que vale a pena conhecer, é um país pouco conhecido ainda. E eu queria ter construído esses laços há muito tempo, tentar entrar no país que eu amo há muito tempo. Eu gostaria de trabalhar com a Rússia do ponto de vista da moda e do ponto de vista dos negócios. Do ponto de vista de tudo aquilo que eu também represento para o teatro, para a arte e também para a diplomacia. Eu sou embaixador da UNESCO, membro da Academia de Mozart, eu sou um grande diplomata. 

S: Você já levou a peça Juno e Avos (opera rock russa — redação) para França. Ou seja, você é, de certa forma, uma pessoa do mundo da cultura que representa a cultura russa. Você é, de certa forma, alguém que conecta as duas culturas. 
PC: Sim, eu tento promover a Rússia. Todos conhecem Tchekov, os grandes escritores, os músicos que nós influenciaram na França, principalmente no século passado. Mas eu sou representante do mundo da moda, dessa forma eu quero, através da minha atividade promover a moda internacional. Está concentrada em Paris, mas não é de Paris, é internacional. Aqui estão os russos, os japoneses, os italianos, os franceses. A moda é o artista. Um artista nem sempre representa um país, apesar de pertencer a alguma nacionalidade. E a minha atividade na Rússia permitirá aos russos terem acesso ao meu talento e, talvez, alterar a mentalidade, a visão de mundo.

S: Você chegou a reparar em alguma particularidade cultural russa?
PC: Por enquanto eu conheço Slava Zaitsev, que é um grande designer de moda. Segundo eu entendo há uma tendência de não representar o seu país. Eu tento representar a moda internacional na França, antes de tudo. Faço isso através da minha profissão e acho que tive sucesso nisso. 

S: Você poderia falar algo sobre teatro na Rússia?
PC: Estou tentando montar o Retrato de Dorian Gray em Moscou. Vamos ter apresentações em Moscou e em outras cidades, bem como no Cazaquistão. É uma produção minha, pois sou uma pessoa do teatro há quase 50 anos. Eu produzi um grande número de peças, inclusive russas, mas principalmente peças de Pier Cardin. 

S: Você já fez figurinos para filmes. Você ainda tem vontade de criar figurinos para cinema?
PC: Eu fiz muitos figurinos em parceria com diretores de cinema. Eu trabalhei muito com Visconti e com outros diretores. Eu não quero mais, entretanto, fazer figurinos para teatro ou cinema. Isso exige muito tempo e muita jovialidade. No entanto, eu criei figurinos para Maya Plisetskaya e peças no Bolshoi. Eu criei figurinos para peças de Tchekov, para peças e obras de grandes escritores. Eu trabalhei muito, inclusive no Bolshoi, para a peça Ana Karenina, com Maya Plisetskaya. 

S: Você era amigo de Maya Plisetskaya?
PC: Eu era amigo de todas as estrelas russas. Eu tive oportunidade de conhecer muitos talentos quando produzi as semanas de retrospectiva de cinema russo no Espace Cardin. Isso foi fantástico! Os atores são excelentes!

S: Na sua opinião, em função das tensões políticas atuais, as relações culturais entre a Rússia e a França também estão deixando a desejar?
PC: Eu também sou um diplomara e eu faço de tudo para que as relações com a Rússia sejam boas o máximo possível. Eu produzi Juno e Avos, que foi capaz de formar laços únicos entre os países. Eu também levei esse espetáculo para os Estados Unidos, para demonstrar que a arte não possui nada em comum com a política. A arte tem um objetivo — ser diplomática.

Eu desejo a amizade entre os nossos dois países. Os franceses gostam muito e respeitam a Rússia. Existe a cultura, mas também existem pessoas que desejam guerra, infelizmente não dá para parar essas pessoas. É lamentável. De qualquer modo, eu sou um grande amigo da Rússia. É um país que eu amo muito e que eu respeito profundamente.

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terça-feira, 5 de julho de 2016

Os desafios de viver na Russia



Letras russas Ы, Ш, Щ: 'são coisas que me enlouquecem literalmente'

Alguma vez desejaram aprender russo? Então vejamos: as letras são impronunciáveis, discordantes, sem notas de romance. Precisa de esforços incansáveis para aprender a gramática russa. Leopold Tchape Sidjui, solista do grupo Maroussia, falou sobre os desafios da língua russa à Sputnik.




O grupo é composto por estudantes de várias universidades da cidade de Krasnodar (sul da Rússia), que são cidadãos dos Camarões, Costa do Marfim e do Congo. Eles enfrentam muitos desafios na Rússia e o maior é o clima. 

"Se somos saudados calorosamente? É um pouco contraditório. Quando eu cheguei à Rússia, a minha primeira impressão, a primeira coisa que senti, foi a qualidade do ar. Houve grandes diferenças, porque o ar na África é quente e seco, e quanto eu cheguei aqui o ar era mais fresco, fazia frio, estava quinze graus negativos. Isto foi um choque climático para mim", explica ele rindo.

 © AFP 2016/ ALEXANDER NEMENOV

Mas ele não teve medo, porque já sabia tudo isso antes de chegar e estava preparado. 
"As pessoas me acolheram calorosamente e com sinceridade", admite. "Desde o momento em que eu cheguei à cidade, à minha universidade, fui bem recebido e me foi dado um quarto para me alojar. Não falava russo, falava inglês e francês e foram poucas as pessoas que sabiam falar um pouco de inglês. Portanto, o processo de comunicação foi um pouco difícil, mas todos fizeram esforços para que eu não me sentisse isolado".

© AFP 2016/ MARCELLO PATERNOSTRO

Segundo Sidjui, a coisa mais difícil para ele foi o clima e não a língua. 

"É difícil o clima", diz ele. "É verdade que, após alguns anos de vida na Rússia, estou tentando viver nesse clima, mas não é fácil a adaptação.  Porque pode estar calor, pode estar frio, pode estar apenas um pouco de frio, chove. É diferente!"

A gramática, o alfabeto, há muitos obstáculos que enlouquecem literalmente uma pessoa. 

"A letra Ы. Isso é que me fez ficar louco! Há também as letras Щ e Ш. Não sei quando é preciso dizer Щ e quando Ш, não sei qual é preciso escrever. Elas são praticamente iguais, há só uma vírgula que altera tudo. Há três letras: as letras Ы, Ш e Щ e eu não sei se as pronuncio bem! Tenho dificuldades de diferenciá-las!", disse o interlocutor da Sputnik. 

 © Sputnik/ Ekaterina Shtukina

Contudo, a Rússia não só representa desafios, mas também os prazeres.  

Prazeres gastronômicos, por exemplo. 

Leopold vive há muito tempo na Rússia e já teve oportunidade de penetrar em todos os mistérios da cozinha nacional. 

"Existem o borsch, a solianka, a sopa de batatas. Existem também muitas iguarias deliciosas. Gosto do chachlyk", explica ele. 

A diferença principal entre a cozinha da Rússia e a dos Camarões é que a cozinha da Rússia é mais leve e a cozinha africana é mais oleosa, porque é feita com óleo de palma. E os ingredientes também são diferentes. Aqui há mais sopas, mais pratos ligeiros como o borsch, que são verdadeiramente ligeiros para África.

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